Ipuã é um local muito interessante para se voar. Temos acesso a diversos tipos de voo:

• Térmicas;
• Colina;
• Voo na serra;
• Entrada de cunha do mar no fim da tarde;
• Onda.

O vôo de onda é uma história a parte. As fotos abaixo são de um voo que fiz no dia 04/05/2015, limitado por regulamento a 14.500ft (4.400m do mar e 3.800 do solo Ipuã). Seria possível subir muito mais alto. Quem sabe um dia conseguimos autorização / NOTAN para realizar os voos altos de maneira regular.

O voo de colina acontece com a entrada de vento sul. Em alguns raros dias temos vento sul o dia todo, mas o mais comum é que o vento sul comece no fim da tarde, vindo do mar que está a uns 70km de distância. Algumas vezes temos a cunha associada, o que permite transicionar da colina para o voo dentro do Vale do Paraíba.

Com relação ao voo térmico Ipuã é muito mais fraco que Bebedouro, local que conheço bem. E imagino que Formosa seja mais similar a Bebedouro, com alguns adicionais de um terreno mais complexo.

Apesar disso temos alguns dias muito bons em Ipuã e é possível fazer belas navegações pelo vale e mesmo dentro da serra da mantiqueira, sempre deixando altura suficiente para chegar ao vale, aonde há melhores condições de pouso.

No dia 10/01/2015 fiz uma navegação de 392km OLC no vale do paraíba. Decolei de Ipuã e acompanhei a serra da mantiqueira até avistar o pico dos Agulhas Negras, ponto mais alto de São Paulo, a 120km de Ipuã. Retornei pela Serra e fiz mais uma pernada, agora voando dentro do Vale, até Guaratinguetá, cerca de 70km. O vídeo abaixo tem algumas imagens deste voo.

Como treinar em Ipuã durante Agosto?

Apesar destes dias divertidos em Ipuã, o tempo em Agosto, véspera do campeonato, costuma ser ruim para navegação. O ideal seria ir para Bebedouro fazer alguns voos, mas decidi suprir a carência de voos de navegação no último ano com os 5 dias de treino em Formosa durante a etapa Centro Oeste. Parece razoável.

Ainda assim, como treinar para o treino em Formosa? Fiz três voos locais com o Discus em Ipuã, para dar uma repassada na pilotagem do planador e equipamentos. Até que foram voos interessantes, um de quase 3 horas, outro com 2 horas e um com 1 hora. Valeu a pena e deu para treinar o pouso curto com o Discus.

Apesar de me ajudarem na adaptação com o planador, estes voos não me auxiliam na navegação em Formosa. Ficou claro que voos no simulador Condor, com o LK8000 integrado, software de voo que utilizo em voo, seriam uma boa idéia. Verifiquei que existe o terreno de Formosa disponível e assim poderia voar por lá sem nunca ter estado lá.

O CVV-CTA possui um simulador muito bom, que utilizamos para instruções aos alunos e treinamentos. Voar lá com certeza seria mais representativo em termos de pilotagem. Entretanto com pouco tempo disponível, decidi armar o circo em casa mesmo. Assim, sobrando tempo eu poderia decolar em poucos minutos.

Primeiro precisava conseguir conectar o Oudie via Bluetooth com o Condor. Deveria ser fácil, mas não funcionou. Achei um caminho alternativo, instalar o LK8000 no celular e conectar com o Condor via Wifi. É bem fácil, se alguém precisar de ajuda me avise que dou as dicas.

Com tudo funcionando, decidi voar algumas provas do campeonato Centro Oeste de 2016. O plano era voar cinco provas, mas só consegui tempo para voar três, o que está bom. Tentei colocar condições atmosféricas parecidas com os voos que via na OLC de quem competiu.

Na primeira prova voei 2horas e meia e fiz 118km/h de média. Foi bom para desenferrujar da dinâmica do voo de navegação e rever alguns conceitos. Na segunda prova voei 3 horas e fiz 130km/h de média. Valeu a pena ter treinado e estudado um pouco mais. Na terceira prova voei 2 horas e fiz 128km/h de média. Quem me dera atingir estes valores na vida real. Simulador ajuda muito, principalmente na interface com o computador de voo (LK8000), mas em termos de atmosfera falta a complexidade que existe na vida real.

A cada voo eu aproveitava para baixar os voos reais de quem voou cada prova e dar uma estudada utilizando o SeeYou. Deu para ver como as estratégias de desvios variam muito de piloto para piloto. Também olhei os voos com auxílio do Google Earth para entender qual o padrão dar térmicas. Deu para ver uma tendência de formação de térmica na interface das chapadas com o cerrado, conforme esperado. Além disso, parece que o cerrado é meio pobre em termos de térmicas.

Outra questão relevante foi entender a dinâmica do relevo e tipos de terreno de Formosa. Nas regiões de cerrado as oportunidades de pouso fora são muito baixas. Estudei de perto o terreno no Google Earth e parece que realmente não tem como pousar sem quebrar ali. Isso tinha me deixado um pouco apreensivo no começo, se ficaria em situação de decidir “pisar no freio” para não me expor a região do cerrado baixo.

Olhando as provas de 2016 e voando no simulador com meteorologia similar, base superiores a 2.000m do solo, deu para sentir que na verdade é tranqüilo. As regiões de chapada, com seus belo arados, estão sempre disponíveis. Com esta altura de base fica tranqüilo se manter sempre no cone de algum arado da chapada.

Por fim, nestes treinamentos notei que as chegadas de prova pelo nordeste são feitas por uma longa região de cerrado, e ainda tem um pequeno morro na chegada. Parece ser razoável não fazer chegadas apertadas vindo deste setor. Ví que os competidores, mesmo os locais, deixam uma boa margem quando estão chegando por aí. Também deu para identificar um belo arado a 12km leste da pista. Se algo der errado em uma chegada por ali pode ser uma opção de pouso.

Os treinamentos serão complementados com os voos reais na etapa Centro Oeste. Pretendo voar de segunda (25/09) a sexta (29/09). No sábado haverá o Grand Prix de Jantar, mas como estou de Discus vou aproveitar para descansar e dar uma passeada em Brasília. E no domingo, 02/09, começara o Campeonato Brasileiro.

Estes três posts foram da fase de preparativos. Nos próximos posts eu já devo colocar alguns vídeos no ar com a fase de translado e chegada a Formosa. A saída acontecerá no sábado