Entenda melhor sobre a história do etanol na aviação
Você sabe a história do etanol na aviação? O etanol sempre foi muito conhecido no Brasil devido a sua aplicação como combustível automotivo. Todos sabem que hoje a maioria dos carros é “Flex”, podendo ser abastecidos tanto com etanol quanto com gasolina. O que muitos não sabem é que o etanol também tem uma participação, mesmo que tímida, ao longo da história dos motores a pistão aeronáuticos.
Assim como nos automóveis, os primeiros testes e pesquisas com Etanol na aviação surgiram devido à crise do petróleo ocorrida na década de 70. Juntamente com o programa Pró Álcool, na década de 80, o CTA iniciou um projeto para adaptação dos motores do T-25 (Lycoming IO-540) para operação com etanol. O primeiro voo realizado pela aeronave modificada foi em 1985, comprovando a viabilidade técnica da modificação. Contudo, o projeto foi paralisado logo depois, em 1989.
O que já foi feito em outros países
Em paralelo ao projeto no Brasil, nos Estados Unidos, um grande nome iniciou também suas pesquisas com etanol na aviação. Dr. Maxwell Schauck, da Baylor University, realizou sua primeira modificação para voar com Etanol em 1980, alçando seu primeiro voo em 1981 com a aeronave modificada. Dr. Shauck ficou mais conhecido quando realizou um voo transatlântico, juntamente com sua esposa, com uma aeronave experimental Canard-pusher com motor Lycoming HIO-360 operando a álcool. Este foi somente um dos grandes feitos de Shauck, tendo na sua lista de conversão etanol, aeronaves como:
- Bellanca Decathlon (IO-320)
- Pitts S1-S (AEIO-360)
- Marchetti SF-260 (AEIO-540)
- Piper Aztec (2x IO-540)
- Cessna 152 (O-235)
- Piper Pawnee (IO-540)
Seu primeiro motor com STC aprovado pelo FAA em 1990 para operar com etanol foi o AEIO-540, seguindo os requisitos do FAR 33. Contudo, a certificação de uma aeronave completa para operação com etanol veio somente em 1996, com o Cessna 152 operando com seu motor carburado O-235. No link a seguir é possível ver um vídeo com entrevistas do Dr. Shauck após o seu voo transatlântico abastecido com etanol:
https://www.youtube.com/watch?v=96XnJh98LqQ
O Etanol na aviação agrícola
Após mais de uma década da interrupção no projeto do CTA, a EMBRAER/NEIVA retomou os trabalhos e estudos com etanol nos anos 2000. Seu principal objetivo era converter sua aeronave agrícola, o Ipanema (EMB-202), para operação com etanol. As análises e testes de certificação tiveram inicio em 2002, seu grande foco foi no sistema de combustível da aeronave, visto que o novo combustível tinha um grande poder corrosivo quando comparado com o AVGAS. Com esta avaliação, alguns componentes do sistema tiveram que sofrer tratamentos superficiais e outros até tiveram que ser substituídos por conta do material. Além disto, houve a incorporação de um sistema de partida a frio para partida do motor em temperaturas mais baixas. Após uma longa campanha de testes, desde ensaios de bancada com motor até ensaios em voo com o motor instalado na aeronave, a EMBRAER, em 2004, certificou a primeira aeronave operando com Etanol Hidratado a ser produzida em série no mundo.
Os projetos de etanol na aviação nos dias de hoje
Atualmente, grande parte das aeronaves Ipanema operam com Etanol, sejam elas de fábrica ou convertidas através do kit criado pela Embraer. Contudo, as aeronaves agrícolas podem realizar somente operação restrita, continuando assim, o mercado de aviação leve no Brasil totalmente dependente do AVGAS, que vem enfrentando um grande aumento nos preços. Ou seja, o Etanol ainda possui uma tímida participação na aviação, mesmo o Brasil sendo um dos maiores produtores deste combustível renovável.
O que a JAZZ está fazendo?
Neste cenário, a Jazz Engenharia iniciou em 2019 o Projeto Etanol. Este projeto tem o intuito de trazer o etanol para a aviação geral e reduzir a dependência do AVGAS. Os desafios do projeto são muitos e, por isso, a Jazz conta com a parceria com o CTM (Centro de tecnologia da mobilidade) da UFMG, que possui uma bancada de ensaios de motores a combustão interna onde grande parte dos ensaios de certificação irão acontecer. O primeiro motor a ser certificado será o IO-540, o mesmo das aeronaves Ipanema, contudo para operação em aeronaves não agrícolas, como Sertanejo (EMB-721) e Minuano (EMB-720).
Se você tem interesse no projeto, não deixe de entrar em contato com a gente preenchendo o formulário vinculado ao link abaixo:
https://forms.gle/f3hZwKivsJ54Gq558
Se você tem outras necessidades, não deixe de conferir tudo que a JAZZ pode oferecer para você:
https://jazzaero.com.br/tipo/certificacao/
Escrito por: Pedro Minaya